A cobra da laranjeira, crônicas muito azedas

Mau humor para levantar o astral, acidez para acabar com a azia causada por tempos estranhos, boas doses de ironia, deboche, por que não esperança. Use as crônicas da Ana várias vezes ao dia, sem contraindicações. Elas são ótimas para relaxar o leitor - ou, pelo contrário, para deixar uma pulga atrás da orelha de cada um. No fim das contas, é esse o efeito colateral que todo o autor procura.

Nascida na capital do Rio Grande do Sul com cara, jeito e sotaque de colona da serra, já fui questionada sobre por que eu mentia acerca de minha origem, que não era vergonha eu ser nascida no interior. Mas eu não nasci no interior. Aos 12 anos de idade, ganhei do meu pai uma máquina de escrever elétrica, porque eu adorava escrever, mas a coisa física do escrever (eu copiava muitos trechos de livros nessa época). Sempre soube que não tenho capacidade de ser uma grande escritora, então fui externar meu recalque sendo revisora de textos, palpitando nos textos dos outros. Fiz faculdade de letras, mestrado em literatura, mas jamais quis ser professora. O que me agrada mesmo é reclamar do mundo e rir, dos outros e de mim.